Em 30/01/2013 às 15h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Denunciando "horrores impiedosos" na guerra civil da Síria, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez na quarta-feira um apelo pelo fim da violência e por mais assistência para resolver uma situação que ele disse ser catastrófica e se agravar a cada dia.
"Quantas pessoas a mais serão mortas se a atual situação continuar?", disse Ban, dirigindo-se a uma conferência de doadores humanitários no Kuweit.
"Apelo a todos os lados e particularmente ao governo sírio... em nome da humanidade, para que interrompa a matança, interrompa a violência." A ONU estima que mais de 60 mil pessoas já foram mortas na Síria em 22 meses de conflito.
Um funcionário do Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis países árabes, disse que até as 12h (hora local) a conferência havia arrecadado 1 bilhão de dólares. Arábia Saudita, Kuweit e Emirados Árabes Unidos prometeram 300 milhões cada.
Na segunda-feira, a ONU alertou que, sem verbas adicionais, não será capaz de fornecer alimentos, abrigos e outros suprimentos a quase 5 milhões de sírios que precisam de assistência dentro e fora do seu país. A ONU diz que sua meta é arrecadar 1,5 bilhão de dólares em doações.
O rei Abdullah, da Jordânia, disse na reunião que centenas de milhares de sírios já se refugiaram em seu país, onde a capacidade de ajudar está chegando ao limite. "Chegamos ao fim da linha, esgotamos nossos recursos", disse ele.
A chefe de assuntos humanitários da ONU, Valerie Amos, disse que a agricultura síria está em crise, que hospitais e ambulâncias foram danificados, e que até os analgésicos estão em falta.
O inverno rigoroso complicou a situação, e as pessoas estão sem roupas adequadas, cobertores e combustíveis, sendo que mulheres e crianças estão particularmente sob risco, disse ela. "Estamos assistindo a uma tragédia humanitária se desenrolar diante dos nossos olhos", acrescentou .
A conferência buscava compromissos de 1 bilhão de dólares de ajuda para os vizinhos da Síria que receberam cerca de 700 mil refugiados nos últimos meses, e 500 milhões para financiar atividades humanitárias para os 4 milhões de sírios que passam necessidade dentro do seu próprio país.
A verba financiaria as operações apenas do primeiro semestre. Até agora, a ONU havia recebido ofertas cobrindo apenas 18 por cento da meta, definida no mês passado, quando houve uma forte escalada da crise humanitária síria.
Os compromissos assumidos na quarta-feira pelos países árabes são uma boa notícia, mas grupos assistenciais já observaram no passado que nem sempre as promessas se traduzem em dinheiro vivo.
Fonte: Reuters