Em 29/01/2013 às 14h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O chefe do Exército egípcio disse que a crise política no país está levando o Estado nacional para a beira de um colapso, um alerta que chama a atenção por vir de uma instituição que dominou o país durante seis décadas, até 2012.
O general Abdel Fattah al Sisi, nomeado no ano passado pelo presidente Mohamed Mursi para comandar as Forças Armadas, disse em nota na terça-feira que um dos principais objetivos da mobilização de tropas em cidades do canal de Suez é proteger essa hidrovia crucial para a economia egípcia e para o comércio mundial.
No domingo, Mursi decretou estado de emergência em três cidades do canal de Suez, após distúrbios que já causaram 52 mortes. Apesar das medidas de exceção, a oposição continua realizando protestos nos quais acusa o1 presidente e sua Irmandade Muçulmana de terem "sequestrado" a revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak há dois anos.
As declarações de Al Sisi, publicadas na página do Exército no Facebook, não parecem sinalizar uma intenção dos militares de retomarem o controle do país, mas envia a forte mensagem de que a maior instituição egípcia, com forte influência econômica e beneficiária de enormes subsídios dos EUA, está preocupada com o destino da nação.
"A continuação da luta de diferentes forças políticas sobre a gestão dos assuntos estatais poderia levar ao colapso do Estado", disse o general Al Sisi, que é também ministro da Defesa.
Ele disse que os desafios econômicos, políticos e sociais do Egito representam "uma real ameaça à segurança do Egito e à coesão do Estado egípcio", e que o Exército vai continuar sendo "o bloco sólido e coeso" que ampara o Estado.
Na segunda-feira, Mursi ofereceu um diálogo nacional envolvendo a oposição, que no entanto voltou a mobilizar seus seguidores para protestos no Cairo, em Alexandria e nas três cidades do canal de Suez submetidas ao estado de emergência - Port Said, Ismailia e Suez.
Pelo menos duas pessoas morreram durante a noite em Port Said, elevando a 42 o total de mortos nos últimos dias nessa cidade. No Cairo, os manifestantes queimaram veículos.
Nos últimos dois anos, os políticos islâmicos venceram dois referendos, duas eleições parlamentares e uma votação presidencial. Mas essa legitimidade tem sido contestada por oposicionistas que acusam Mursi de impor uma nova forma de autoritarismo. Repetidas crises políticas desde a queda de Mubarak têm impedido a estabilização do Egito, mais populoso país do mundo árabe.
Fonte: Reuters