Em 19/01/2013 às 21h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Agência Minas
A pecuária mineira começa o ano com boas perspectivas de recebimento de novos investimentos em melhoramento genético, contemplando principalmente a bovinocultura de corte e de leite, e a avicultura. Aos poucos, o Estado vem utilizando a biogenética para melhorar a qualidade e incrementar sua produção de carne, leite e aves, atraindo a atenção de empresas mundiais.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), a bovinocultura mineira tem, atualmente, um rebanho estimado em 23,5 milhões de cabeças, o que representa um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente R$ 12,8 bilhões. Além disso, o Estado se mantém como maior produtor de leite do país, respondendo por cerca de 27,3% da produção nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) – o que equivale a 8,5 bilhões de litros, uma receita aproximada de R$ 6,8 bilhões.
Minas Gerais ocupa, ainda, o terceiro lugar na produção anual de carne, cerca de 1 milhão de toneladas, gerando negócios da ordem de R$ 6 bilhões. Em suma, a bovinocultura mineira se torna, cada vez mais, um segmento de alta relevância na economia mineira e deve à biogenética uma parte significativa deste crescimento.
“A evolução genética tem possibilitado ganhos visíveis para a pecuária mineira. Em gado de corte, rusticidade, precocidade e fertilidade têm resultado na redução da idade do primeiro parto de fêmeas e diminuição de quatro para dois anos a idade de abate de machos”, destaca José Alberto de Ávila Pires, coordenador técnico de bovinocultura da Emater.
Segundo Pires, as raças que tem atraído mais atenção de produtores rurais e empresários são Nelore, Gir e Guzerá. Também já despontam, com relação ao aumento de investimentos em melhoramento genético, as raças Brahman, Sindi e Indubrasil.
Dados da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), sediada em Uberaba, no Triângulo Mineiro, revelam que, anualmente, a entidade registra em todo o país mais de 600 mil zebuínos. A associação detém o maior banco de dados do mundo sobre a raça zebu, com mais de 12 milhões de animais cadastrados. Através do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) a entidade acompanha mais de 3,6 mil rebanhos em todo o país.
No ano passado, a entidade registrou mais de 720 mil animais no país, o que representou um crescimento de 5% em relação a 2011. No tema do melhoramento genético, o destaque ficou por conta do número de registros de touros reprodutores Puros de Origem (PO), que vem crescendo ano a ano, chegando a 44.529 animais. Segundo a ABCZ, nos últimos seis anos, o registro de reprodutores PO teve um crescimento aproximado de 60% em todo o país.
O empresário Arthur Souto Maior Filizzola, um dos fundadores da Associação dos Criadores de Gir Leiteiro, ressalta que a tendência é que os investimentos em melhoria genética na pecuária mineira tenham continuidade nos próximos anos, diante da necessidade dos pecuaristas de incrementar, de forma crescente o desempenho dos seus rebanhos.
Pelo fato da raça Gir, originalmente do norte da Índia, ter se adaptado bem ao clima predominante no Estado e ao padrão de produção de leite, Arthur Filizzola salienta que o interesse dos produtores rurais por estes animais tem aumentado. Isso se reflete na Associação de Criadores, que foi fundada por cerca de dez produtores rurais e, atualmente, conta com mais de 400 associados.
“O interesse por esta raça está crescendo e isso se deve ao melhoramento genético, o que certamente terá continuidade, a fim de mantermos a posição do estado como um dos principais produtores de leite do país”, conclui o empresário.
Avicultura também se beneficia
O melhoramento genético na avicultura também tem perspectivas de crescimento. Em fevereiro, a Cobb-Vantress, empresa subsidiária da norte-americana Tyson Foods, colocará em operação a primeira etapa de um novo complexo avícola que está sendo instalado em Itapagipe, na região Sul de Minas. Trata-se de um investimento de US$ 20 milhões que colocará o Estado como um dos maiores produtores mundiais de frangos de alta qualidade genética.
“A escolha de Minas Gerais se dá por conta do status sanitário e da biossegurança da região de Itapagipe e Campina Verde, localidades de baixa densidade avícola. A Cobb prioriza a segurança sanitária em suas unidades, fator que é exigência número um da indústria nacional, dos órgãos certificadores e dos países importadores”, ressalta o diretor geral da empresa no Brasil, Jairo Arenazio.
Com previsão de concluir a segunda etapa de implantação no primeiro semestre de 2014, o complexo aviário de Itapagipe será um dos mais modernos do setor e responsável por 8% do total de matrizes alojadas no país, cerca de 3,5 milhões de aves denominadas “frango do futuro”.
Trata-se de um animal que é criado a partir da mais alta tecnologia genética, onde são exigidas e selecionadas cerca de 50 características. Entre elas estão a capacidade de ingerir menor quantidade de ração, capacidade de maior ganho de peso, menor espaço de tempo para o abate e maior rendimento de carnes nobres. Com isso, consegue-se reduzir em cerca de 6% os custos de produção e o consumidor tem uma carne de melhor qualidade.
As avós e matrizes das aves são originárias de pesquisas tecnológicas desenvolvidas nos Estados Unidos e na Holanda. Em Itapagipe, a empresa já possui uma unidade de produção de linhas puras (bisavós), que é responsável por 40% da produção dos negócios da empresa no mundo. “Nossas instalações são totalmente automatizadas e mesmo assim empregamos 169 funcionários. Pretendemos aumentar este número com as novas expansões”, completa o diretor.
Além de atender demandas de consumo do mercado interno, a Cobb-Vantress pretende exportar parte da produção mineira para o Peru, Colômbia, Venezuela e países da Europa, entre eles Alemanha, Holanda e Inglaterra. Atualmente a empresa já possui unidades de produção de matrizes em Uberlândia e Prata, no Triângulo Mineiro.
Pró Genética incentiva negócios no setor
Em 2007, com um público-alvo de 366 mil produtores, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), lançou o Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino de Minas Gerais (Pro Genética).
Entre outros objetivos, o programa busca promover a transferência de genética dos plantéis de bovinos de seleção para pequenas e médias propriedades rurais, que se constituem nos estratos básicos de produção comercial de gado de corte e de leite.
A promoção de leilões e eventos para estimular os negócios na área também estão entre os objetivos do programa, que busca contribuir, em várias frentes, para a criação de mecanismos que aumentem a produção e a renda do pequeno e médio produtor rural.
No ano passado, por meio do Pró Genética, foram realizados em todo o Estado 39 leilões e feiras. Ao todo, 944 pecuaristas comercializaram 1.591 touros Puros de Origem, movimentando R$ 7,3 milhões em negócios. Para este ano, a Emater estima que a realização de leilões, feiras, seminários e dias de campo do Pró-Genética poderá ter um incremento de 50%, chegando a 60 eventos em todo o Estado, o que pode incrementar ainda mais os negócios no setor.