Em 27/12/2012 às 12h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
(Reuters) - A Rússia vai receber esta semana o enviado de paz para a Síria, Lakhdar Brahimi, depois que autoridades sírias mantiveram conversações em Moscou nesta quinta-feira como parte de um esforço diplomático para tentar um acordo que ponha fim ao conflito de 21 meses, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
As conversações estão agora centradas na Rússia, aliada de longa data da Síria, depois de uma série de reuniões de Brahimi em Damasco esta semana. Mas o enviado internacional pouco revelou sobre o conteúdo das negociações.
Brahimi se encontrou com o presidente da Síria, Bashar al-Assad, na segunda-feira e está planejando a realização de uma série de reuniões esta semana com autoridades sírias e dissidentes, num esforço para intermediar uma transferência pacífica de poder.
Mais de 44 mil sírios foram mortos na rebelião contra quatro décadas de regime da família Assad, num conflito que começou com protestos pacíficos em março do ano passado, mas acabou se transformando em uma guerra civil.
Os esforços de paz anteriores foram infrutíferos. As potências mundiais ficaram divididas sobre o conflito, que se tornou uma luta cada vez mais sectária entre os rebeldes, em sua maioria muçulmanos sunitas, e as forças de segurança de Assad, formadas principalmente a partir da minoria alauíta, de origem xiita, enraizada no poder.
O vice-chanceler sírio, Faisal Makdad, e um assessor dele se reuniram no Ministério de Relações Exteriores da Rússia por menos de duas horas nesta quinta-feira, mas se recusaram a revelar quaisquer detalhes da visita.
Uma fonte do ministério havia dito anteriormente que eles iriam se reunir com o chanceler Sergei Lavrov e o enviado do Kremlin para assuntos do Oriente Médio, Mikhail Bogdanov.
Fontes sírias e libanesas disseram que Makdad tinha sido enviado a Moscou para discutir os detalhes de um plano de paz proposto por Brahimi.
O porta-voz da chancelaria, Alexander Lukashevich, minimizou a idéia de que um plano específico estivesse em discussão em Moscou, pelo menos nenhum acordo que tenha sido endossado pela Rússia e os EUA.
"Pretendemos discutir uma série de questões ligadas a uma solução política e diplomática na Síria, incluindo esforços de Brahimi para acabar com a violência e com o lançamento de um amplo diálogo nacional", declarou Lukashevich a repórteres.
Questionado sobre os rumores de um plano russo-americano para resolver o conflito, ele disse: "Não existiu e não existe tal plano."
"Em nossas conversas com o Sr. Brahimi e com os nossos colegas norte-americanos estamos tentando buscar um meio de sair desta situação, tendo como base o nosso plano comum de ação definido em Genebra, em junho."
As potências mundiais acreditam que a Rússia, que tem dado a Assad ajuda militar e diplomática para enfrentar a rebelião, é ouvida pelo governo sírio e tem de ser um participante-chave nas negociações de paz.
O governo russo tentou se distanciar de Assad nos últimos meses e diz que não o está sustentando, mas Lukashevich reiterou a posição oficial russa de que a saída de Assad do poder não poderia ser uma pré-condição para as negociações.