Em 12/12/2012 às 18h38 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O Boletim PAD 2011 - Hábitos de vida saudável, lançada nesta quarta-feira (12), pelo Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro, revela um recorte inédito e importante das condições e hábitos de saúde da população mineira, que ajudará a subsidiar os órgãos estaduais para o planejamento de políticas de conscientização neste segmento.
Baseado nos resultados da segunda edição da Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG), realizada em 2011, o estudo apurou, de forma inédita no país, as doenças crônicas que acometem a população mineira e analisou os comportamentos de risco, como consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, que contribuem para a instalação e agravamento dessas condições recorrentes. Foram também investigados hábitos como a prática de atividades físicas, a realização de exames preventivos e a alimentação saudável.
Os estudos foram feitos de forma regional, a fim de que se possa apoiar a elaboração de políticas públicas com foco específico na necessidade de cada região do Estado.
A pesquisa apurou que, em 2011, 68,3% da população mineira acima de 14 anos tinha o hábito de consumir regularmente frutas, verduras e legumes, enquanto 54,1% removiam a gordura visível da carne antes do consumo. Na contramão dos hábitos de vida saudáveis, somente 13,9% da população realizava atividades físicas de forma suficiente em seu tempo livre, 25% consumiam bebidas alcoólicas regularmente e 13,5% eram fumantes em Minas Gerais no ano passado.
Maioria está livre de doenças crônicas
Considerando a presença ou não de doenças crônicas, o estudo observou que a grande maioria da população de Minas Gerais acima de 14 anos (66,1%) estava livre das patologias investigadas.
“Assim como no Brasil, Minas Gerais vem passando por profundas transformações demográficas, epidemiológicas, econômicas e culturais. A proporção de idosos na população tem aumentado e, além disso, as pessoas mudaram muito seu estilo de vida. Cada vez mais as doenças crônicas aumentam sua participação na mortalidade e morbidade da população. Por isso, é muito importante conhecê-las”, explicou a pesquisadora do Centro de Estatística e Informações da Fundação João Pinheiro, Mirela Camargos.
Entre as 5,3 milhões de pessoas que sofriam das doenças crônicas pesquisadas, a hipertensão arterial prevalecia, atingindo 19,7% dos mineiros, seguida de doenças da coluna (12,4%), doenças cardíacas (5,6%), depressão (5,5%), artrite ou reumatismo (5,2% ), bronquite ou asma (3,9%), insuficiência renal (2,2%) e, em menor escala, câncer (0,7%) e tuberculose (0,2%).
Como esperado, a prevalência dessas patologias varia de acordo com a faixa etária, atingindo com mais frequência pessoas em idades mais avançadas. No caso da hipertensão arterial, por exemplo, a prevalência foi de 58,3% entre a população idosa.
A ocorrência dessas doenças também apresenta variações em relação ao gênero. Com exceção da tuberculose, as patologias crônicas investigadas atingem mais a população feminina. As maiores diferenças entre homens e mulheres foram observadas para hipertensão arterial (16,4% contra 22,8%), depressão (3,0% contra 7,8%) e artrite ou reumatismo (3,3% contra 7,0%).
Alerta para os comportamentos de risco
Um dos principais causadores de doenças crônicas, o tabaco, era consumido no estado, em 2011, por 13,5% da população acima de 14 anos. Entre os 2 milhões de fumantes mineiros, cerca de 750 mil eram mulheres (representando 9,4% do total de mulheres acima de 14 anos de idade) e 1.350.000 eram homens (representando 17,9% do total de homens acima de 14 anos).
Do total de tabagistas, 52,8% eram fumantes leves (1 a 10 cigarros/dia), 35,1% eram fumantes moderados (11 a 20 cigarros/dia) e 10,2% eram fumantes severos (21 ou mais cigarros/dia). Entre as mulheres tabagistas, 7,8% eram fumantes severos, enquanto, para os homens, esse percentual era de 11,5%.
“A idade média do consumo do primeiro cigarro é de 16 anos. Observamos com isso que, além de criarmos políticas públicas para os adultos, é necessária a criação de campanhas voltadas para os jovens, para que não iniciem, ou larguem o hábito”, afirmou a pesquisadora do CEI/FJP, Juliana Riani.
Em relação ao consumo de álcool, os dados mostram que aproximadamente 25% da população acima de 14 anos de idade no estado, ou seja, 4 milhões de indivíduos, consomem bebidas alcoólicas, mesmo que esporadicamente ou em pouca quantidade. Destes, 8,3% consumiam em 2011 mais de 40 doses/mês, o que configura consumo pesado de bebida alcoólica.
O estudo verificou também que 7,5% da população maior de 14 anos (300 mil pessoas) bebia diariamente. Considerando-se aqueles que consumiam bebidas alcoólicas de três a cinco vezes por semana, frequência também considerada alta, este percentual sobe para 9,4% (360 mil pessoas). Isso significa que aproximadamente 17% da população mineira (660 mil pessoas) na faixa etária analisada consumia bebida alcoólica pelo menos três vezes por semana.
Comportamento preventivo inclui exames e exercícios
A pesquisa da Fundação João Pinheiro apurou também que 24% dos indivíduos com mais de 14 anos praticavam atividades físicas em 2011. Destes, 24,7% realizam algum tipo de exercício diariamente, 33,3% de três a cinco vezes por semana, 30,8% de uma a duas vezes por semana e 11,2% menos de três vezes ao mês.
“A maior concentração de pessoas que não praticam atividades físicas de forma suficiente, nem de forma insuficiente, está localizada nas regiões do Jequitinhonha/Mucuri, Rio Doce e Noroeste. Em contrapartida, as regiões Sul, Alto Paranaíba, Norte e Centro-Oeste são as que apresentam o maior percentual de pessoas que realizam exercícios com frequência”, observou Riani.
Quanto ao hábito de realizar exames preventivos, cerca de 77% dos indivíduos maiores de 14 anos de idade tiveram, em 2011, sua pressão arterial aferida em um período menor que um ano. No universo da população pesquisada, 56,1% também realizou exames de colesterol e glicose, considerando o mesmo intervalo de tempo.
Alimentação saudável para a maioria da população
Em relação aos hábitos alimentares, dois terços da população maior de 14 anos consumia de maneira regular frutas, legumes e verduras e 95,9% dos indivíduos consumiam carne vermelha, sendo que 23,9% destes o faziam diariamente.
Entre aqueles que consumiam carne vermelha ou de frango regularmente, 45,9% não removiam a gordura ou pele do alimento antes da ingestão. Já entre os 82,3% dos mineiros que tinham o hábito de consumir leite regularmente, 85% (duas a cada três pessoas) utilizam o de vaca com teor integral de gordura.
A PAD-MG, desenvolvida em parceria com o Escritório de Prioridades Estratégicas e com apoio do Banco Mundial e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), é realizada a cada dois anos com o objetivo de conhecer em profundidade as características socioeconômicas, demográficas e culturais da população mineira.
A pesquisa tem representatividade para as 12 mesorregiões do estado, para as dez regiões de planejamento e também para as regiões urbanas e rurais de Minas Gerais e do Grande Norte (conjunto das regiões de planejamento Norte, Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce). Na edição de 2011, a amostra foi composta por 18 mil domicílios, distribuídos por 428 municípios.
Fonte: Agênca Minas