Em 04/12/2012 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
(Reuters) - Israel rejeitou na segunda-feira as críticas dos Estados Unidos e da Europa à sua decisão de ampliar seus assentamentos em territórios ocupados, depois do reconhecimento implícito da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Estado palestino.
Washington pediu ao governo israelense que reconsidere seu plano de erguer mais 3.000 casas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, alertando que isso dificulta ainda mais a eventual retomada do processo de paz com os palestinos.
Grã-Bretanha, França, Espanha, Suécia e Dinamarca convocaram os embaixadores israelenses nas suas respectivas capitais para transmitir mensagens semelhantes.
Mas uma autoridade no gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel "continuará erguendo-se por seus interesses vitais, mesmo diante da pressão internacional, e não haverá mudança na decisão tomada".
Israel se irritou com a aprovação na Assembleia Geral da ONU, na quinta-feira, de uma resolução que promove os palestinos do status de "entidade observadora" para o de "Estado não-membro". No dia seguinte a isso, o Estado judeu anunciou a intenção de construir mais moradias para colonos.
Esses projetos, em territórios conquistados militarmente em 1967, são considerados ilegais pela maioria das potências internacionais. Aproximadamente 500 mil israelenses vivem entre 2,5 milhões de palestinos nessas duas áreas.
Numa novidade que gerou alarme entre palestinos e governos estrangeiros, o governo de Israel disse também que determinou um "zoneamento preliminar e um trabalho de planejamento" para a construção de milhares de moradias em áreas como a zona E1, no leste de Jerusalém.
Por causa da oposição dos EUA, Israel nunca construiu nos áridos morros que compõem a zona E1. Obras nessa região poderiam na prática seccionar a Cisjordânia, isolando os palestinos de Jerusalém e prejudicando ainda mais suas chances de conquistar um Estado viável e contíguo.
TVs de Israel informaram que autoridades de Jerusalém devem em breve aprovar os planos para milhares de novas moradias, incluindo mais de mil que Israel havia arquivado há dois anos, por causa da reação norte-americana.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a ampliação dos assentamentos irá representar "um golpe quase fatal" para uma solução que contemple a existência de dois Estados, um israelense e outro palestino.
O presidente da França, François Hollande, se disse "extremamente preocupado", e Washington deixou claro que não aceitaria esse tipo de retaliação à votação da ONU, solicitada pelos palestinos como uma forma unilateral de obter o reconhecimento do seu Estado, já que o processo bilateral com Israel está paralisado desde 2010.
Os EUA, um dos oito países a terem votado contra a resolução palestina na Assembleia Geral, disseram que tanto a declaração de independência quanto a ampliação dos assentamentos são contraproducentes para a retomada de negociações diretas envolvendo israelenses e palestinos.