Em 20/11/2012 às 22h33 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Deborah Secco: "Sou uma mocinha romântica"

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Esqueça as periguetes Nathalie Lamour, da novela “Insensato Coração”, e Darlene, de “Celebridade”, personagens que fizeram a cabeça dos homens a cada aparição de lingerie na TV. Esqueça também a mais que periguete Bruna Surfistinha, que lhe rendeu uma indicação como melhor atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro que acontece no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (15). Discreta e tímida, a atriz Deborah Secco , identificada pelo público como uma mulher sedutora devido ao sucesso de suas personagens famosas, se acha até meio sem graça na vida real: “Se tirasse o glamour de eu ser atriz, as pessoas iam perceber que não sou nada demais”, disse Deborah, em entrevista exclusiva ao iG.

Suas personagens – quase furacões – servem como uma válvula de escape para a personalidade quieta da atriz. “Talvez os papéis que tenho menos prazer em fazer sejam as mocinhas românticas porque me acho um pouco assim na vida”, afirma ela. “Às vezes vivo tão intensamente as personagens que me dá preguiça de ser muito mais coisas do que uma pessoa em casa lendo um livro”.

Mesmo tentando ser o mais discreta possível, Deborah não consegue fugir do interesse das pessoas pela sua vida pessoal. “Sempre ignorei notícias desse tipo, mas magoa as pessoas que estão a minha volta. Teve uma época da minha vida que tive problemas com a minha mãe e com a minha avó. Elas liam, se incomodavam e queriam ligar para brigar. Minha avó chegou a ir à Igreja para pedir a Deus que parassem de falar sobre mim”, confessou ela.

Para Deborah, a melhor forma de driblar o interesse pela sua vida é não tentar desmentir histórias e focar em sua carreira. Até 2013, Deborah tem mais uma temporada da série “Loucos por Elas”, uma peça e três filmes para fazer. Cinema, inclusive, é a nova paixão da atriz. Ela já pensa até em abrir sua própria produtora. “Tudo na busca de ser uma atriz mais dona do que faço. Fazer personagens que eu escolha e não os personagens que aparecem”.

Confira abaixo a entrevista completa com Deborah Secco:

iG: Você está concorrendo na categoria melhor atriz no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro por seu trabalho em Bruna Surfistinha. O que esse papel representa? 
Deborah Secco: Já tinha feitos vários pequenos papéis em filmes, mas há um tempo buscava uma grande personagem, que eu precisasse fazer exatamente o oposto de tudo que já tinha feito ou que as pessoas tinham me visto fazer. A linguagem do cinema exige uma sinceridade maior. Menos gestos, mais silêncio do que falas, muitas expressões. Quando apareceu a Bruna, briguei muito para fazer porque eu sabia que era uma personagem feminina rara de se encontrar.

iG: O que ele mudou na sua vida e carreira? 
Deborah Seco: Me deu confiança como atriz. Acabei conhecendo uma nova Deborah e tendo um reencontro com a vontade de atuar. Parecia que estava com oito anos, entrando pela primeira vez no estúdio. Cada vez mais, quero encaminhar minha carreira para o cinema. Estou até pensando em ter minha própria produtora. Tudo na busca de ser uma atriz mais dona do que faço. Fazer personagens que eu escolha e não os personagens que aparecem. Adoro fazer televisão, mas não quero ser atriz só disso.

iG: Estava se sentindo desestimulada com suas personagens da TV? 
Deborah Secco: Desestimulada eu nunca me senti, mas às vezes achei que faltavam desafios. Era fazer uma coisa que já sabia fazer, num atalho fácil para enganar as pessoas. Depois de Bruna, toda vez que pego um personagem, tento me zerar e construir algumas dificuldades para conseguir crescer como atriz.

iG: O Marcus Baldini, diretor do filme, disse em entrevista ao iG que – no inicio - não queria que você fizesse o filme porque você tinha uma imagem sensual muito forte. Já sofreu preconceitos desse tipo? 
Deborah Secco: Ele não me queria de jeito nenhum e, hoje, eu jogo na cara dele. Ele já falava que o filme era apelativo suficiente por tratar de Bruna Surfistinha. Se ele coloca uma atriz sensual e fala que vai ter cenas de sexo, torna-se mais apelativo ainda. Ele brigou muito contra o meu nome e o peso que ele trazia para o filme. Mas depois de uma reunião em que me vesti de Bruna, acho que consegui convencê-lo de que eu era quem ele estava procurando.

iG: Como assim? 
Deborah Secco: Bruna me levou a ter certeza de que se você quiser fazer um personagem a gente tem que ir atrás dele, bater na porta, insistir, chorar e gritar. Não meço esforços para conseguir os personagens que quero por mais que eu escute um não. Um não eu já tenho, sabe? Ou eu continuo com ele ou faço o possível e impossível para conseguir a aprovação.

iG: O que já fez por um personagem? 
Deborah Secco: Tudo que você pode imaginar e mais alguma coisa. Prefiro não entrar em detalhes. Mas para a Bruna, eu tive de chamar o diretor na minha casa. Coloquei uma camisola de bichinho, vesti meião, arrumei o cabelo para aparentar ter 17 anos. Atendi a porta e falei: “Oi, eu sou sua Bruna”. Você não acredita que eu tenho 17 anos, mas eu vou provar que sou capaz de ter. Deu certo.

iG: Já sofreu preconceitos pela sua imagem sensual? 
Deborah Secco: Talvez. Algumas vezes já liguei para diretores e produtores pedindo um papel numa novela. Não tenho vergonha de pedir trabalho, de me expor e fazer quantos testes forem precisos. Sou uma atriz em crescimento, em busca de coisas diferentes. Sou muito desencanada com essa coisa de ser famosa. Acho que quebro as pessoas e um possível preconceito porque chego de maneira espontânea e genuína. Posso não conhecer o diretor, mas se eu sei que ele tem uma boa personagem feminina vou até a lua para tentar pegar o papel.

iG: Como faz para encarar personagens desse tipo sendo que na sua vida privada você é tão discreta? 
Deborah Secco: Eu já fiz personagens de todos os tipos, mas talvez os que eu menos tenho prazer em fazer são mocinhas românticas porque me acho um pouco assim na vida e fico, realmente, acreditando em relações e buscando isso. Como atriz, quero personagens opostas de mim. Não sou uma pessoa engraçada, nem sexy. Mas acho que faço bem esses dois tipos de personagens. Talvez se eu tivesse pegado uma mulher meio sem graça - que é como acho que sou - não teria tanto prazer porque é um lugar comum.

iG: Foi algo que aprendeu com a fama? A impressão é que você era mais intensa em relação a sua vida pessoal quando era mais jovem.

Deborah Secco: Profissionalmente, eu sou intensa. Mas eu tenho de economizar em algum lugar. O que me torna uma pessoa preguiçosa na vida. Às vezes eu vivo tão intensamente tantas personagens que me dá preguiça de ser muito mais coisas do que uma pessoa em casa lendo um livro.

iG: Você começou sua carreira com oito anos. Como foi crescer com a mídia noticiando tudo que você faz? 
Deborah Secco: Nunca li esse tipo de informação, então, para mim foi muito difícil. Estava tão interessada em buscar meus personagens que não dei muita atenção a esse tipo de notícia até perceber a proporção que isso tomou. Todos falando da minha vida particular e o pior, inventando. Estava feito! Eu já era uma pessoa popular, de quem as pessoas falavam e inventavam notícias. Com alguns anos de análise descobri que a melhor coisa a se fazer é ficar em silêncio.

iG: Isso te incomoda? 
Deborah Secco: Sempre ignorei, mas pode magoar as pessoas que estão a minha volta. Já tive problemas com a minha mãe e com a minha avó. Elas liam muito esse tipo de notícia, se incomodavam e queriam ligar para brigar. Minha avó chegou a ir à igreja para pedir a Deus que parassem de falar. Hoje, tenho conversado com elas e tenho uma certeza: não importa o que as pessoas acreditem da Deborah. Só me importa o que as pessoas que eu amo e que me conhecem achem de mim. Igual um fã que chega para mim e diz que me ama. Ele ama quem? Ele não sabe quem eu sou ou como sou. É capaz de ele passar um dia comigo e me achar uma chata.

iG: Na série “Loucos por ela”, pela primeira vez, você está fazendo um papel de uma mulher com filhos grandes. O que está achando de começar a assumir personagens maduros? 
Deborah Secco: Fiquei superfeliz porque estava achando que as pessoas estavam demorando a me ver como uma mulher. A mulher de 34, hoje, não aparenta ter a idade que tem.

iG: Teve alguma crise quando chegou aos 30 e pensa em como você vai ser com 40? 
Deborah Secco: Não tem como ter crise! As melhores personagens femininas têm essa idade. Também não tenho motivos. Tudo que quis na minha vida, graças a Deus, conquistei. Inclusive, tudo se desenrolou melhor dos que meus próprios sonhos. O que vier é lucro. Minha vida melhorou muito dos 20 para os 30. Acredito que vá melhorar até os 40 e até os 50. Acho que começa a ficar ruim dos 50 para os 60 se você não se cuidar porque tem mais tendências a ficar doente e seu corpo não reage tanto quanto a sua mente. Isso eu tenho um pouco de medo. De envelhecer e ficar doente.

iG: Se acha mais bonita também com essa idade? 
Deborah Secco: Não sou feia, mas não sou uma mulher que seria notada se não fosse atriz. Estaria mentindo se falasse que não me acho bonita, mas tenho um padrão de beleza comum. Não sou a Alinne Moraes e a Izabel Goulart, que são extremamente bonitas. Essa beleza Afrodite, não tenho. Se tirasse o glamour de eu ser atriz e famosa, as pessoas iam perceber que não sou nada demais. Eu tenho total noção que não sou uma mulher bonita. Sou uma mulher bonita dentro dos padrões normais e tem várias mulheres como eu.

iG: Posaria nua novamente? 
Deborah Secco: Não. Eu fiz pelo dinheiro que precisava na época. Hoje, graças a Deus, por mais que seja muito dinheiro e que mudaria a minha vida, ele não é necessário. Na época que fiz era.

iG: Aos 32 anos, se sente pressionada para ter um filho? 
Deborah Secco: Não me sinto pressionada, mas me incomoda um pouco que em todo evento que vou me perguntam isso. Eu já disse que não vou falar. Nem se estiver grávida! Já até criei frases: “Filho Deus Manda”. O que muda se eu tiver filho esse ano ou ano que vem?

iG: No ano passado o diretor Steven Spielberg te incentivou para investir em uma carreira internacional. Como foi isso? 
Deborah Secco: Só conheci as pessoas, foram todos muito receptivos. Não tenho nem ambição ou desejo incontrolável por seguir uma carreira internacional. Se rolar, ótimo. Mas ainda tenho o empecilho da língua porque para atuar tem de ser fluente. Tenho que focar no meu curso de inglês.

iG: Quais são os seus próximos projetos? 
Deborah Secco: Estamos gravando a segunda temporada da série, agora. Em janeiro, começo a rodar um longa-metragem, mas não posso falar sobre ele. Em abril, gravo o “Isso é Calypso” sobre a história da Joelma e do Chimbinha. Nessa mesma época, vou estrear a peça “O Casamento”, de Nelson Rodrigues.

iG: Como está a preparação para interpretar Joelma? Vai cantar em cena? 
Deborah Secco: Vou começar em dezembro aula de canto e dança. Nunca cantei profissionalmente e não acho que cante bem. Vou ter de estudar muito. Não sei como vai ser no filme, se irei dublar ou se vamos misturar as duas vozes, como foi feito no “Cazuza”.

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