Em 15/11/2012 às 12h49 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Com 63 protocolos de intenção firmados entre 2003 e agosto deste ano entre empresas privadas e o Governo de Minas Gerais, o setor de mineração tem boas perspectivas para o incremento de suas atividades no Estado, contemplando, inclusive, regiões mais carentes como o Norte de Minas e os vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Segundo um levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), os investimentos neste período somam R$ 109,7 bilhões, sendo que os maiores aportes estão direcionados para as regiões Central, Norte, Zona da Mata, Noroeste e os vales do Jequitinhonha e Mucuri.
A estimativa é que os protocolos de intenções formalizados de 2003 a 2012 contemplem a criação de cerca de 153.630 empregos, entrediretos e indiretos. Somente nos oito primeiros meses deste ano, foram firmados cinco novos protocolos de intenções, totalizando mais de R$ 8,9 bilhões, com previsão de 3.280 novos postos de trabalho.
“A atração de investimentos para o Estado pode ser atribuída às novas estratégias adotadas pelo Governo de Minas no sentido de ampliar a competitividade da cadeia minerometalúrgica. O Estado tem se esforçado para captar investimentos orientados pela agregação de valor e aumento do conteúdo tecnológico”, explica o subsecretário de Política Mineral e Energética da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Paulo Sérgio Machado Ribeiro.
Demanda global por ferro
Com 51 anos de atuação no setor mineral, o consultor José Mendo Mizael de Souza também vislumbra um momento de expansão para o setor minerometalúrgico no Estado, levando-se em conta o aumento da demanda mundial por minério de ferro.
“Com a economia da China crescendo na faixa de 7,5% a 8% ao ano, a necessidade de investimentos em infraestrutura se mantém em todo o mundo, mesmo com algumas dificuldades enfrentadas por países como os Estados Unidos. O Brasil também tem uma grande demanda nas obras de infraestrutura. Isso requer mais produção de aço e, consequentemente, aumento na exploração de minério de ferro”, observa José Mizael.
Como exemplo da nova realidade do setor mineral, o consultor destaca que, até poucos anos, a exploração de jazidas de minério de ferro no Norte de Minas não era considerada ideal por se tratar de matéria-prima de baixo teor. Porém, com o desenvolvimento de novas tecnologias de enriquecimento do produto e em virtude do aumento da demanda mundial pela matéria-prima, abrem-se novas perspectivas para a exploração de reservas inclusive no Norte do Estado. “Isso exige, tanto por parte do Governo de Minas como das empresas privadas, grande esforço para investimento na infraestrutura da região”, completa o consultor.
Diante da oportunidade de dinamizar e diversificar a economia de uma das regiões mais carentes do Estado, o subsecretário Paulo Sérgio Ribeiro confirma que a expectativa do Governo de Minas é consolidar o Norte do Estado como nova fronteira mineral. A região tem perspectiva de produzir anualmente 25 milhões de toneladas de minério de ferro. Os projetos se distribuem por 20 municípios, localizados principalmente nas microrregiões de Salinas, Grão Mogol, Rio Pardo de Minas, Porteirinha e Nova Aurora.
Além da Vale, que em junho de 2011, assinou protocolo de intenções para investimento de R$ 560 milhões na exploração de minério de ferro nos municípios de Serranópolis, Riacho dos Machados, Rio Pardo de Minas e Grão Mogol, até 2014 a Mineração Minas Bahia (Miba) prevê implantar uma unidade minerária – usina de concentração de minério de ferro e corredor logístico – nos municípios de Grão Mogol e Rio Pardo de Minas. O investimento previsto é de R$ 3,6 bilhões.
Também a Sul Americana Metais (SAM), do Grupo Votorantim, aplicará R$ 3,2 bilhões em extração e beneficiamento de minério em Grão Mogol, em parceria com a chinesa Honbridge Holdings Limited. O projeto, que engloba mineração, mineroduto e porto (Bahia), demandará capital e tecnologia de ponta para extrair o minério considerado de baixo teor.
Pauta diversificada
O levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômicorevela que, além da exploração de minério de ferro, outros minerais também merecem destaque na atração de novos investimentos para Minas. É o caso do fosfato e potássio, que estão sendo impulsionados pela necessidade do Brasil reduzir a dependência das importações de matérias-primas para a fabricação de fertilizantes.
No cenário nacional, Minas Gerais responde por 49% do valor bruto da produção mineral do país. O estado é responsável, ainda, por 97% da produção de nióbio, 34% do agregado de construção, 71% da produção de minério de ferro, 66% da produção de diamantes e 65% da exploração brasileira de ouro. Além disso, Minas Gerais é responsável por toda a produção de zinco no país.
No Vale do Jequitinhonha, por exemplo, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico formalizou, em maio deste ano, a assinatura de protocolo de intenções com a Magnesita Refratários S/A para a implantação do complexo minerador de grafita, em Almenara. Serão investidos R$ 80 milhões na unidade industrial para a produção anual de 40 mil toneladas do mineral. Líder na produção de refratários na América do Sul, a Magnesita prevê gerar 200 novos postos de trabalho.
A exploração de grafita está prevista ter inicio em 2014, quando a capacidade de produção da empresa irá atingir 40 mil toneladas por ano. A reserva está estimada em 57 milhões de toneladas, com vida útil de 50 anos. A Magnesita comercializa extensa linha de materiais refratários. São mais de 13 mil tipos diferentes de materiais monolíticos, tijolos convencionais e cerâmicas nobres, para revestir equipamentos que operam em altas temperaturas. Os produtos são utilizados, principalmente, pelos fabricantes de aço, cimento e vidro.
Polo de mineração e metalurgia
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), José Fernando Coura, confirma que, entre 2012 e 2016, Minas Gerais deverá captar 40% de um total de US$ 75 bilhões de investimentos que serão feitos no setor minerometalúrgico do país.
“Minas Gerais possui a melhor estrutura da indústria mineral do Brasil e, nos últimos anos, vem passando por um processo de diversificação de atividades. Isso abre boas perspectivas de consolidação de investimentos já anunciados, embora exista certa incerteza com relação à economia mundial”, ressalta o presidente do Ibram.
Fernando Coura destaca que, atualmente Belo Horizonte se constitui na capital da indústria minerária e metalúrgica do país, envolvendo mais de 3,8 mil profissionais especializados na elaboração e execução de projetos da cadeia produtiva.
Por outro lado, para atender à demanda de mão-de-obra das empresas que estão fazendo novos investimentos no Estado, o presidente do Ibram revela que, nos próximos seis anos, numa parceria que envolve o Governo de Minas, o sistema Fiemg/Senai e universidades, serão capacitados 40 mil trabalhadores para atuar no setor minerometalúrgico.
“Estamos confiantes de que os investimentos no setor serão concretizados e, nesse contexto, Minas está preparada para atender às demandas, por já contar com boa infraestrutura instalada para escoamento da produção”, conclui José Fernando Coura.
Exposição internacional em BH
Aliado à atração de novos investimentos, entre os dias 23 e 26 de setembro de 2013 o Estado vai sediar a 15ª Exposição Internacional de Mineração (Exposibram). Segundo o Ibram, a maior feira do segmento na América Latina, que será realizada no Expominas, em Belo Horizonte, já tem confirmada a instalação de pavilhões de empresas da Alemanha, Canadá, Chile, Estados Unidos e da Austrália.
A previsão é de que a feira receba cerca de 50 mil visitantes, entre empresários, técnicos e especialistas do setor que, a partir deste encontro, podem gerar novos negócios no Estado e em outras partes do mundo.