Em 07/11/2012 às 16h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

IPCA sobe 0,59% em outubro e eleva alta em 12 meses a 5,45%--IBGE

Foi o maior resultado desde abril passado

Foi o maior resultado desde abril passado

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A inflação oficial do país registrou, em outubro, a maior alta em seis meses, puxada mais uma vez pelos preços dos alimentos. O resultado, no entanto, ficou dentro do esperado pelo mercado, que também acredita numa desaceleração nos próximo meses.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta a 0,59 por cento no mês passado, após ter subido 0,57 por cento em setembro. Foi o maior resultado desde abril passado, quando o indicador subiu 0,64 por cento, e o segundo mais expressivo do ano.

Analistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 0,58 por cento em setembro, com as projeções ficando entre 0,53 e 0,75 por cento.

"Os alimentos continuam pressionando a inflação e eles fazem o IPCA ficar estacionado num patamar significativo", disse a jornalistas a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos

Segundo analistas, no entanto, a expectativa a partir de agora é de desaceleração dos preços das commodities, que sentiram a pressão dos efeitos da seca nos Estados Unidos nos últimos meses e levaram os preços dos grãos a dispararem.

"A expectativa é de que o IPCA desacelere (a partir de novembro), principalmente por conta da alimentação", afirmou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro, acrescentando também que os preços ligados a habitação também vão ajudar neste movimento, por conta dos menores impactos vindos dos já ocorridos ajustes de água e esgoto.

Para ela, o IPCA terá alta de 0,51 por cento em novembro e de 0,48 por cento em dezembro. No geral, o mercado vê que o indicador fechará este ano a 5,44 por cento e a 5,40 por cento em 2013, segundo pesquisa Focus do Banco Central.

No acumulado de 12 meses até outubro, ainda segundo o IBGE, o IPCA avançou 5,45 por cento, acima dos 5,28 por cento de setembro, e afastando-se ainda mais do centro da meta do governo, de 4,5 por cento. O objetivo tem ainda margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Para ficar dentro do teto da meta de 6,5 por cento este ano, o IPCA não pode superar 2,03 por cento acumulados nos meses de novembro e dezembro, segundo as contas do IBGE. No último bimestre de 2011, o IPCA variou 0,52 por cento em novembro e 0,50 por cento em dezembro.

O resultado do IPCA de outubro ficou abaixo do IPCA-15 de outubro, que havia acelerado a alta para 0,65 por cento, influenciado também por alimentos.

ALIMENTAÇÃO

Segundo o IBGE, os preços dos alimentos subiram 1,36 por cento no mês passado, quando comparado com agosto, a mais a mais intensa apurada pelo IBGE desde novembro de 2010 (2,22 por cento). O grupo alimentação e bebidas respondeu por 54 por cento do resultado de outubro, com impacto de 0,32 ponto percentual no indicador.

No acumulado do ano até outubro, a alta nos preços dos alimentos soma 7,88 por cento, superando o fechamento de 2011 todo, quando subiu 7,18 por cento.

"Foi uma alta generalizada dos alimentos, que em sua maioria aconteceu por problemas de oferta e de clima", disse Eulina, do IBGE.

Os destaques em outubro foram os preços do arroz, com alta de 9,88 por cento, seguidos por carnes, com avanço de 2,04 por cento. Além desses, houve altas em farinha, batata, feijão, entre outros.

Agora, a expectativa é de que esses movimentos percam força. Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que o IGP-DI recuou 0,31 por cento em outubro, ante alta de 0,88 por cento em setembro, numa desaceleração maior do que a esperada.

"Os IGPs já começaram a captar a volta dos preços das commodities, eles captam isso mais rapidamente", explicou Alessandra, da Tendências.

Dos nove grupos que compõem o IPCA, seis registraram em outubro alta superior às vistas em setembro. Os preços dos artigos de vestuário chegaram à alta de 1,09 por cento, ante 0,89 por cento no período anterior, enquanto os artigos de residência saíram de 0,18 por cento de setembro para 0,37 por cento em outubro.

Segundo o IBGE, itens administrados e monitorados pelo governo ajudaram a conter a aceleração do IPCA. Entre eles aparecem energia, água e esgoto, aluguel, condomínio e gás de cozinha. "São despesas ligadas à habitação que subiram antes e agora pararam", destacou Eulina.

O índice de preços do setor de serviços ficou estagnado entre setembro e outubro em 0,51 por cento.

POLÍTICA MONETÁRIA MANTIDA

Com o resultado do IPCA, os analistas mantêm as expectativas de que o medidor oficial da inflação irá encerrar o ano em torno de 5,5 por cento, o que mantém as perspectivas de que não haverá mudanças em breve na condução da política monetária pelo BC, que já reduziu a Selic para a mínima histórica de 7,25 por cento.

O BC já mostrou que esse ciclo, após dez cortes seguidos, chegou ao fim e, com isso, parte do mercado acredita que a taxa básica de juros vai ficar estável até o fim de 2013 e, outra, que ela poderá ser elevada no fim do próximo ano.

"O conjunto da divulgação e os movimentos no atacado nos deixam um pouco mais tranquilos em relação a essa projeção (de IPCA, de 5,5 por cento em 2012), até talvez com chance de o número acabar ficando um pouco abaixo", disse o economista-chefe do J. Safra, Carlos Kawall, que espera a Selic estável em 7,25 por cento até o final de 2013.

 

 

Fonte: Reuters

 

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