Em 22/10/2012 às 12h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Parte da multidão que compareceu ao funeral do chefe de inteligência do Líbano, general Wissam Al Hasan, em Beirute, entrou em choque com a política, em meio à crescente tensão no país.
O velório de Wissam Al Hassan, morto em um violento atentado na sexta-feira (19), causou indignação entre diversos libaneses, que culpam o regime da Síria pelo ataque. Mais sete pessoas morreram durante a explosão do carro-bomba.
Milhares de pessoas foram às ruas de Beirute para o funeral. Alguns compareceram portando bandeiras libanesas e faixas contra o presidente sírio, Bashar Al Assad.
Neste domingo, os manifestantes tentaram invadir a sede do governo libanês. A polícia disparou gás lacrimogêneo para conter a multidão.
Muitos temem que a violência na Síria – que começou em março do ano passado, com tentativas de insurgentes de derrubar Al Assad – possa se espalhar agora para o Líbano, onde a população está dividida em relação ao conflito.
O Exército da Síria esteve presente no Líbano por 29 anos, até 2005. Além disso, historicamente o Líbano virou palco de conflitos violentos influenciados por eventos nos países ao seu redor, como Síria e Israel.
“Nós estamos aguardando a queda do regime sírio. Até que isso aconteça, não poderá haver paz no Líbano", disse à BBC uma das manifestantes que compareceu ao funeral de Al Hassan, neste domingo.
O presidente libanês, Michel Suleiman, e o premiê Najib Mikati deram início aos serviços fúnebres na sede das Forças de Segurança Internas do Líbano, para onde o caixão de Al Hassan foi levado no começo do dia.
O prédio, na vizinhança de Ashrafiya, fica perto de onde ocorreu o atentado de sexta-feira, realizado com carro-bomba.
A segurança foi reforçada em toda a capital libanesa neste domingo. No sábado, diversos manifestantes foram às ruas e incendiaram pneus, montando barricadas em alguns pontos de Beirute.
O chefe do serviço de inteligência do Líbano tinha 47 anos e era ligado ao grupo 14 de Março e à família Hariri, dois dos principais opositores da Síria no Líbano.
O corpo de Al Hassan será enterrado ao lado do de Rafik Hariri, premiê libanês que foi assassinado em 2005, também em um atentado. Al Hassan liderou uma investigação sobre este ataque que incriminou o regime sírio.
Saad Hariri, filho de Rafik e líder da oposição libanesa, participou do funeral deste domingo. Ele pediu a presença de “todo o Líbano, que Wissam Al Hassan protegeu contra os complôs de Bashar Al Assad”.
O episódio provocou uma crise política no governo libanês. No sábado, o premiê Mikati colocou seu cargo à disposição, mas foi mantido pelo presidente Suleiman.