Em 20/10/2012 às 15h19 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Milhares de manifestantes contrários a medidas de austeridade saíram às ruas de Londres, neste sábado, para protestar contra os cortes nos gastos públicos decididos por um governo acusado de ser comandado por uma elite da classe alta que ignora as dificuldades dos eleitores afetados pela recessão.
A passeata ocorre num momento em que a coalizão de governo do primeiro-ministro David Cameron, liderada pelo Partido Conservador, se recupera da renúncia na sexta-feira de um importante membro do governo, acusado de xingar um policial de "plebe" - um insulto classista empregado contra trabalhadores na Grã-Bretanha.
"Se a classe trabalhadora faz greve por um dia, veremos quem conduz o país", disse Nick Chaffey, 48, militante do Partido Socialista e casado com uma professora que teve corte no salário. "Tenho amigos em situações desesperadas, vivendo com medo de perder o emprego e a casa".
O partido enfrenta uma enxurrada de manchetes negativas neste sábado por causa da saída de Andrew Mitchell, encarregado de zelar pela disciplina no Partido Conservador, quatro semanas depois de ele ter insultado policiais encarregados da segurança na entrada do escritório de Cameron, em Downing Street.
Um outro problema, envolvendo o ministro das Finanças, George Osborne - que embarcou com um tíquete comum em um vagão de primeira classe num trem, e só depois acabou pagando a diferença -, é alvo de críticos, que acusam os conservadores de serem privilegiados e estarem fora da realidade.
"Quem eles pensam que são?", perguntou o jornal Daily Mail em chamada de capa enquanto o Financial Times afirmava que as más notícias envolvendo Mitchell e Osborne coroavam uma "semana triste para os Tories", o Partido Conservador, de centro-direita, que está atrás nas pesquisas.
Sob céu cinzento de outono, os manifestantes acenaram cartazes dizendo "Sem corte", "Cobrem dos ricos e ensinem aos pobres" e "Plebes do mundo, uni-vos", zombando da saída de Mitchell.
Enfermeiros, faxineiras, bibliotecários e condutores de ambulância estavam entre os dezenas de milhares que participaram da manifestação e se encontraram no Hyde Park, em um dos maiores protestos este ano contra as medidas de austeridade.
Haverá também passeatas em Belfast, na Irlanda do Norte, e Glasgow, na Escócia.
Líderes sindicais estão tentando usar o protesto para aumentar a pressão sobre Cameron, dizendo aos participantes que o plano econômico do governo fracassou, prolongando a segunda recessão britânica desde a crise financeira.
"A austeridade não está funcionando. Está afetando os mais pobres e mais vulneráveis", disse Brendan Barber, líder do Congresso de Sindicatos, uma organização que representa 54 sindicatos.
"Os ministros nos disseram que somente se aceitássemos a dor, haveria a recuperação. Mas em vez disso, estamos mergulhados em uma dupla recessão."
Fonte: Reuters