Em 19/10/2012 às 16h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Um enorme carro-bomba explodiu no centro de Beirute nesta sexta-feira, matando oito pessoas, entre elas uma importante autoridade de segurança libanesa, cujas investigações implicaram Síria e Hezbollah no assassinato do ex-primeiro-ministro do Líbano Rafik al-Hariri há sete anos.
O ataque durante a hora do rush deixou ainda cerca de 80 feridos, levantando temores de que a guerra na Síria respingue no Líbano.
Entre os mortos está Wissam al-Hassan, chefe da agência de inteligência libanesa que também revelou um recente plano de ataque a bomba que levou à prisão de um político pró-Síria, segundo uma autoridade da Líbia.
Al-Hassan era um aliado próximo de Hariri, que foi morto num ataque a bomba em 2005 no centro de Beirute. A investigação de Al-Hassan sobre a morte de Hariri mostrou evidências que implicaram a Síria e o grupo Hezbollah no assassinato.
A explosão desta sexta ocorreu num momento de crescente tensão entre facções libanesas em lados opostos do conflito na vizinha Síria.
O carro atravessou a rua onde o escritório do partido anti-Damasco Falange Cristã está localizado, perto da praça Sassine em Ashrafiyeh, uma área de maioria cristã.
O líder do Falange, Sami al-Gemayel, um adversário ferrenho do presidente sírio, Bashar al-Assad, e membro do Parlamento, condenou o ataque.
"Deixe o Estado proteger os cidadãos. Nós não vamos aceitar qualquer procrastinação nesta questão, não podemos continuar assim. Estamos alertando há um ano. Chega", disse Gemayel, cujo irmão foi assassinado em novembro de 2006.
A guerra na Síria, que já matou 30 mil pessoas nos últimos 19 meses, tem colocado principalmente insurgentes sunitas contra Assad, que é da seita Alauíta, ligada ao Islã xiita.
Comunidades religiosas do Líbano estão divididas entre aquelas que apoiam Assad e as que apoiam os rebeldes que tentam derrubá-lo.
TENSÃO CRESCENTE
A explosão ocorreu durante a hora do rush em Beirute, quando muitos pais estavam pegando crianças na escola, e enviou fumaça preta pelo céu.
Oito pessoas morreram e pelo menos 78 ficaram feridas, informou a agência de notícias estatal, citando autoridades de defesa civil.
Vários carros foram destruídos e parte da frente de um edifício de vários andares foi seriamente danificada, com fios emaranhados e grades de metal batendo no chão.
Logo após a explosão, moradores corriam em pânico procurando por parentes, enquanto outros ajudavam a carregar os feridos para ambulâncias. As forças de segurança protegeram a área.
Em cenas que lembram os dias negros da guerra civil do Líbano, ambulâncias transportavam os feridos para diversos hospitais, onde médicos, enfermeiros e estudantes esperavam por vítimas nas portas.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse em um comunicado que o governo estava tentando descobrir quem realizou o ataque e que os criminosos seriam punidos.
A perspectiva de que a guerra da Síria pode se espalhar para o Líbano tem preocupado muitas pessoas, e houve confrontos em fevereiro entre defensores e opositores de Assad na cidade de Trípoli.
A Síria também já desempenhou um papel importante na política libanesa, fazendo parceria com diferentes facções durante a guerra civil de 1975-1990. Enviou tropas a Beirute e partes do país durante a guerra e ficou até 2005.
Em Damasco, o ministro de Informação da Síria, Omran al-Zoabie, disse aos repórteres: "Condenamos esta explosão terrorista e todas estas explosões onde quer que elas aconteçam. Nada as justifica."
A tensão entre sunitas, xiitas e cristãos no Líbano continuou após a guerra civil, e tem aumentado desde que o conflito eclodiu na Síria.
Fonte: Reuters