Em 18/10/2012 às 23h16 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil pode e deve contribuir mais na melhora e no avanço das relações diplomáticas entre os países, principalmente trabalhando na Organização das Nações Unidas (ONU) junto com os Estados Unidos, por exemplo, em prol do desenvolvimento dos países africanos, ou mesmo do Haiti, como ocorre atualmente.
A afirmação foi feita hoje (18) pelo embaixador norte-americano Derek Shearer ao participar de palestra no Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas sobre a corrida eleitoral e a política externa dos Estados Unidos.
Na avaliação do diplomata - que é professor de diplomacia e relações internacionais no Occidental College, em Los Angeles – há espaços na diplomacia mundial para que o Brasil avance ainda mais no cenário internacional.
“A atuação do país no comando das forças de paz que estão presentes no Haiti é um grande exemplo desta contribuição, de como o país pode contribuir mais para o fortalecimento da diplomacia internacional”, disse.
De certa forma, o embaixador lamentou que o Brasil seja hoje visto mais como uma potência emergente ligada a questões culturais, comerciais e musicais do que pela sua contribuição às grandes questões ligadas às políticas internacionais.
“Na minha opinião, o presidente [Barack] Obama tem interesse em que o Brasil assuma um papel maior e mais importante, principalmente nas questões políticas envolvendo a África e a América Latina em relação ao desenvolvimento”, disse.
O diplomata norte-americano admitiu que uma vitória do republicano Mitt Romney nas eleições presidenciais pode levar a mudanças na política externa dos Estados Unidos. “Romney não acredita muito na diplomacia para soluções de conflitos entre países de ideologias distintas. Ele acredita mais na força do que na diplomacia e, consequentemente, os militares terão maior atuação na política externa do país”.
No que diz respeito às relações políticas entre o Brasil e os Estados Unidos, Shearer não vê a possibilidade de grandes mudanças no caso de uma vitória republicana, porque, segundo ele, isso é uma coisa que independe de quem esteja ocupando a Casa Branca - um republicano ou um democrata.
“O que poderia mudar a posição atual, o quadro atual seria uma decisão do governo brasileiro de dar maior apoio a presidentes como o venezuelano Hugo Chávez ou o iraniano Mahmud Ahmadinejad. Aí sim Romney [em caso de vitória] ficaria com um pé atrás em relação à politica externa brasileira e passaria a ver o Brasil de forma totalmente diferente. Não mais como um amigo, mas sim como um país integrante do eixo inimigo. De uma forma geral, isto não está ocorrendo. Não haveria grandes mudanças”, diz.
Shearer serviu no Departamento de Comércio dos Estados Unidos durante a administração do presidente Bill Clinton, foi membro do corpo diplomático americano e conselheiro de política externa do vice-presidente Al Gore e da senadora Hillary Clinton. Clinton, Gore e Hillary são do Partido Democrata, assim como o atual presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Barack Obama. Ele também contribui regularmente com o The New York Times, International Herald Tribune e Wall Street Journal em assuntos de política externa.