Em 18/10/2012 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Minas Gerais é o terceiro estado do país que mais atraiu imigrantes internacionais nos últimos dez anos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que, nesta quarta-feira (17) divulgou o Censo Demográfico 2010. O levantamento constatou que, na última década, vieram para o território mineiro 9,8% de um total de 455 mil estrangeiros que decidiram mudar para o Brasil. Segundo o estudo, o crescimento do fluxo migratório para o país entre 2000 e 2010 foi de 67,2%.
O censo mostra que, nos últimos dez anos, São Paulo foi o estado que mais recebeu imigrantes, 30% do total. O Paraná recebeu 14,7% de estrangeiros, ficando em segundo lugar. Quanto ao país de origem dos migrantes, 17,6% vieram dos Estados Unidos; 13,7% do Japão e 9,8% do Paraguai, dentre outras nações.
Para o especialista em negócios internacionais e estudos regionais da PUC Minas, Flavio Constantino Barbosa, uma série de fatores, como a economia aquecida e a qualidade de vida, coloca Minas Gerais na rota dos estrangeiros. “O desempenho acima da média da economia mineira na última década, com resultados favoráveis em suas importações e exportações, os investimentos públicos em áreas estratégicas, como saúde e educação, e a crise vivida por vários países europeus, que têm apresentado altas taxas de desemprego, tornam Minas Gerais em um polo de atração de estrangeiros”, avalia.
A boa performance de segmentos mais internacionalizados da economia mineira, como a agricultura – café e soja – e a siderurgia, são apontados por Flávio como os principais responsáveis por este movimento demográfico. “O fato de várias instituições de Belo Horizonte já contemplarem o ensino de uma segunda ou terceira língua em sua grade curricular é um forte indício da presença estrangeira na cidade”, acrescenta.
O especialista ainda explica que, com a crise na União Europeia e Estados Unidos, não só os estrangeiros tem procurado o Brasil, mas também brasileiros que estavam no exterior estão retornando ao país em busca de melhores oportunidades.
Mercado de trabalho em expansão
Para o secretário de Estado do Trabalho e Emprego (SETE), Hélio Rabelo, os dados do IBGE – revelando que Minas está entre os três estados que mais atraíram imigrantes estrangeiros nos últimos dez anos – se relaciona ao fato de Minas possuir, atualmente, uma das menores taxas de desemprego do país. Em vários setores, como o de metalurgia e de profissionais liberais, chega a faltar mão-de-obra especializada.
“A decisão de imigrantes internacionais virem para Minas Gerais não acontece por acaso. Isso é reflexo da decisão do Governo do Estado em investir na atração de novas empresas e geração de empregos de qualidade, o que tem favorecido a economia mineira como um todo. Há poucos anos, Minas Gerais exportava mão-de-obra; agora acontece o contrário, reflexo do crescimento econômico e do desenvolvimento do Estado”, analisa o secretário.
A Pesquisa Mensal de Emprego e Desemprego (PED) divulgada no dia 26 de setembro pela Secretaria do Trabalho, Fundação João Pinheiro, Dieese e Fundação Seade, revela que a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi de 5,2% em agosto. Foi observado o aumento de 6 mil pessoas (0,3%) no contingente de ocupados e o tempo médio de procura por trabalho foi de 21 semanas, quatro a menos em relação ao mês de julho.
Movimentos migratórios
O levantamento do IBGE revelou que 35,4% da população brasileira não residem no município onde nasceram, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moram em outro estado. São Paulo (8 milhões de pessoas), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão) acumularam o maior contingente de não naturais residentes. Minas Gerais (3,6 milhões de pessoas), Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural residindo em outras unidades da federação.
O Censo 2010 investigou também os movimentos migratórios no país e revela que Minas Gerais (com 3,6 milhões ou 13,6% dos naturais do estado) e Bahia (3,1 milhões ou 11,7% dos naturais do estado) eram, em 2010, os estados com maior número de população natural residindo fora da unidade da federação. O principal local de residência era São Paulo, onde moravam 1,6 milhão de mineiros e 1,7 milhão de baianos.
Na região Sudeste, estão as duas unidades da federação que contabilizaram os maiores números de não naturais residentes em nível nacional, São Paulo e Rio de Janeiro. O primeiro estado se destaca pelo número de pessoas naturais da Bahia (1,7 milhão de pessoas), Minas Gerais (1,6 milhão) e Paraná (1 milhão). A maior parcela dos não naturais residentes no Rio de Janeiro nasceu em Minas Gerais, Paraíba e Ceará, que, juntos, alcançaram 45,9% do total de não naturais.
O Censo 2010 do IBGE compreendeu um levantamento minucioso de todos os domicílios do país. A estimativa do instituto é de que, atualmente, Minas possua mais de 19,7 milhões de habitantes (19.728.701), residentes em 853 municípios. Destes indivíduos, 85,3% estão na área urbana e 14,7% na zona rural.
Fonte: Agencia Minas