Em 29/09/2012 às 19h01 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) completou 50 anos e, quando o assunto é preservação do meio ambiente, a entidade, vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, tem uma história que envolve conscientização, parceria e cooperação no Sul de Minas, onde a maioria dos produtores rurais investe no patrimônio natural.
Entre os diversos programas desenvolvidos pelo Governo do Estado na região está o Bolsa Verde, que já beneficiou 221 proprietários rurais no entorno da Serra da Mantiqueira. Criado em 2009, o Bolsa Verde apóia, por meio de pagamento pelos serviços ambientais, os proprietários e posseiros que conservam a cobertura nativa ou se comprometem a recuperar a vegetação natural.
A organização não governamental (ONG) Amanhágua é um exemplo de como o Bolsa Verde estimulou os produtores rurais na região. A organização, criada em 2001, em Baependi, fez um trabalho de conscientização junto às comunidades rurais em cinco municípios no entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio. Em 2007, surgiu o primeiro convênio com Governo de Minas, por meio do IEF, que efetuou pagamento aos agricultores como forma de incentivo à preservação e ao replantio de mata nativa.
Hoje, a Amanhágua conta com a adesão de 900 produtores de 40 cidades, possui 4 mil hectares preservados e 2 milhões de mudas plantadas. A ONG também mantém o projeto Viveiros Familiares, que investiu no treinamento de mão de obra local e forneceu mudas para 40 famílias rurais.
Os agricultores plantaram, geraram emprego e renda e estão distribuindo mais mudas para outros produtores rurais, que também vão ajudar a preservar a Mata Atlântica. “Sou grata pela confiança que o Estado teve no trabalho da organização. Isso permitiu que muita gente fosse beneficiada, que houvesse uma mudança de mentalidade em relação à preservação”, afirma a presidente da Amanhágua, a veterinária Mônica Buono.
Riqueza Natural
A biodiversidade da região estimulou diversos produtores rurais a investirem também na criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Suziane Amélia de Castro, de 20 anos, gosta de ser chamada de “mensageira ambiental”. O pai dela, Aristides de Oliveira Castro, que morreu em 2011, transformou a fazenda da família, em Baependi, numa RPPN.
O trabalho começou em 2003 e, um ano depois, foi reconhecido pelo IEF. Hoje, a propriedade tem 6,4 hectares de mata nativa, o que representa 20% da área total. Aristides deixou 14 filhos e, segundo Suziane, a maioria luta para manter o legado do pai. Suziane de Castro, que pretende estudar engenharia ambiental ou agronomia, disse que Aristides Castro deixou uma grande riqueza e transmitiu confiança aos filhos para que eles prossigam na luta pela preservação da natureza. “É gratificante demais continuar o trabalho dele”, declara.
Parceria é essencial
Uma das atribuições do IEF é cuidar da preservação e da gestão dos três Parques Estaduais localizados na região Sul: Nova Baden, Serra do Papagaio e Serra da Boa Esperança. A região também possui uma Área de Proteção Ambiental (APA), a de Fernão Dias.
De acordo com chefe da Regional do IEF no Sul de Minas, Paulo De Lauro, apenas o Parque Nova Baden está aberto à visitação. Ele afirmou ainda que o governo tem estudos para a criação de novas unidades de proteção ambiental na região de Carrancas. Conhecida pelo nome de Terra das Cachoeiras, por causa do grande número de quedas d’água, o local é um dos principais destinos do ecoturismo em Minas.
Para Paulo de Lauro, a parceria entre o Estado e os agricultores é essencial para preservação do meio ambiente. “Vejo que, a exemplo do que ocorre na Serra da Mantiqueira, mais especificamente na região do P. E. Serra do Papagaio, onde as parcerias são extremamente saudáveis e com resultados muito positivos - é obrigação do poder público estadual criar e gerir estas áreas protegidas. Porém, é fundamental contar com apoio das comunidades locais, entidades não governamentais e a sociedade civil organizada para conservação destas áreas. Todos nós lutamos para um objetivo comum que é a manutenção da biodiversidade local e, unindo forças, atingimos esse objetivo mais satisfatoriamente”, observa.
Fonte e foto: Agência Minas