Em 29/09/2012 às 09h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Bancos espanhóis podem precisar de 59,3 bi de euros

A Espanha assumiu o lugar da Grécia, da Irlanda e

A Espanha assumiu o lugar da Grécia, da Irlanda e

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Por Jesús Aguado e Sonya Dowsett

MADRI, 28 Set (Reuters) - Os bancos espanhóis precisariam de 59,3 bilhões de euros (76,3 bilhões de dólares) em capital extra para lidar com um cenário de sério estresse econômico, mostrou nesta sexta-feira uma auditoria independente sobre 14 bancos feita pela consultoria Oliver Wyman.

A Espanha disse que cerca de 40 bilhões de euros desse total serão fornecidos por auxílio europeu, enquanto o resto pode ser captado pelos próprios bancos.

A auditoria é uma condição para que a Espanha receba fundos europeus para auxiliar seus bancos, que foram fragilizados por uma prolongada crise do mercado imobiliário.

A Espanha firmou acordo para estabelecer uma linha de crédito que poderia fornecer até 100 bilhões de euros de fundos de resgate da União Europeia para seus bancos.

"A estimativa preliminar do montante final que precisaríamos receber da linha de crédito de 100 bilhões de euros seria um terço menor do que as necessidades de capital identificadas pela Oliver Wyman", disse o vice-presidente do banco central espanhol, Fernando Restoy, em coletiva de imprensa.

Tanto o austero orçamento para 2013 apresentado pelo governo do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy na quinta-feira quanto a auditoria de 90 por cento do sistema bancário espanhol são etapas necessárias para que Madri solicite auxílio soberano e ative um programa de compra de bônus do Banco Central Europeu (BCE).

O "cenário econômico adverso" em que se baseou a auditoria está rapidamente se tornando realidade na Espanha, à medida que cortes de gastos e elevações tributárias estrangulam qualquer recuperação na quarta maior economia da zona do euro, aumentando o desemprego e gerando crescente desordem.

A Espanha assumiu o lugar da Grécia, da Irlanda e de Portugal como a principal ameaça ao projeto de moeda única da zona do euro.

 

Os resultados da auditoria vieram em linha com as expectativas do governo e do mercado, e foram bem recebidos pela Comissão Europeia, pelo BCE e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

"É mais uma camada de incerteza de que nos livramos", disse o estrategista do Commerzbank, David Schnautz. "Temos o orçamento de ontem e hoje, os testes de estresse. Agora, estamos todos ansiosos para saber qual será a opinião das agências de ratings".

A agência de classificação de crédito Moody's deve revisar o rating de crédito da Espanha antes da próxima segunda-feira. Atualmente, a Moody's classifica o país uma nota acima do grau especulativo, com perspectiva negativa.

A auditoria identificou que a maior parte das necessidades de capital envolve os quatro bancos que já foram resgatados pelo governo espanhol.

O pior caso é o do Bankia, resultado de uma fusão mal-sucedida entre sete bancos não listados, que passou ao controle do governo mais cedo neste ano.

A necessidade de capital para os quatro bancos é de 49 bilhões de euros, sendo que o Bankia é responsável por metade disso. A Comissão Europeia disse que o valor exato relativo a cada banco será determinado nos próximos meses.

Mais de 60 por cento do sistema bancário, incluindo os pesos-pesados Santander, BBVA e Caixabank, não necessitam de capital extra sob os termos da auditoria.

O total de necessidades de capital do sistema bancário é reduzido de 59,3 bilhões para 53,7 bilhões de euros quando se leva em conta o efeito de desonerações e economias de custos de fusões, disse o Banco da Espanha.

TESTE DEVE ELIMINAR DÚVIDAS

 

"O exercício foi bastante rígido, bastante conservador e bastante transparente --e, portanto, deve elucidar qualquer dúvida a respeito da força do sistema", disse o Secretário do Estado para a Economia, Jiménez Latorre.

Outros bancos que precisarão de capital extra num cenário de estresse são o Banco Popular, o Banco Mare Nostrum e uma nova entidade a ser formada a partir de uma fusão entre os bancos de poupança Ibercaja, Liberbank e Caja 3.

Esses bancos apresentarão no mês que vem ao Banco da Espanha planos delineando como pretendem levantar capital próprio, incluindo emissão de ações, vendas de ativos e imposição de perdas sobre detentores de bônus subordinados.

Isso pode reduzir suas necessidades e diminuir o montante a ser usado pela Espanha da linha de crédito acordada com Bruxelas em junho.

A auditoria também precede o estabelecimento de um "banco podre", no qual serão alocados os ativos imobiliários ruins que pesaram sobre os balanços dos bancos.

A Espanha está sofrendo seu pior aperto de crédito em 50 anos, e as autoridades que formularam o plano esperam que essas medidas reativem a oferta de empréstimos a pessoas físicas e empresas.

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