Em 17/09/2012 às 12h06 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O trajeto entre Alto Rio Doce e Dores do Turvo (MG-280), na região da Zona da Mata, ainda é percorrido pela população da região por uma estrada de terra. Utilizado em grande parte por produtores rurais, o trecho vai ser pavimentado pelo programa do governo estadual Caminhos de Minas, beneficiando mais de 17 mil pessoas. A elaboração do projeto da obra já está em andamento.
A extensão da estrada é de 26 km. Mas hoje, se a pessoa optar por utilizar apenas trechos pavimentados, é necessário percorrer 195 km para ir de uma cidade a outra. Paulo Sérgio Resende do Carmo, coordenador regional em Ubá do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER/MG), atualmente responsável pela manutenção do trecho, destaca os benefícios do asfalto para produtores rurais, trabalhadores de cidades próximas e a população em geral.
“Na região se concentra basicamente a produção agropecuária, então a pavimentação vai assegurar o escoamento da produção. Um grande problema que também será resolvido é que tem gente que mora em Cipotânea, por exemplo, mas trabalha em Divinésia e fica prejudicada porque tem que passar pela estrada de terra. Outra situação é de quem precisa fazer tratamento médico em Ubá. A pessoa fica dependente de uma estrada que a cada dia pode estar de um jeito. Para passar pela pavimentada a volta é muito grande. A pavimentação vai garantir à pessoa poder se deslocar com a certeza de que vai voltar”, ressalta.
Jair Pereira Rezende está entre os beneficiados. Ele produz cachaça artesanal em Abreus, distrito de Alto Rio Doce, e espera que a pavimentação dê fim aos transtornos da estrada de terra. “Já cheguei a andar 20 quilômetros puxado por um trator, porque não tinha outro jeito. Sem falar as vezes em que chegava até certo ponto e não tinha como continuar, aí a gente voltava. O asfalto vai ser bom não só para a venda da cachaça, mas para tudo, para ir ao médico, à escola. É o sonho de todo mundo”, afirma.
Produção leiteira
O chefe do escritório seccional do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) em Alto Rio Doce, Mizael de Souza Lima Filho, reforça o papel estratégico do trecho principalmente para a produção leiteira. “A região de Dores do Turvo é onde estão concentrados os pequenos produtores de leite. Em Abreus, uma das principais atividades é criação de gado leiteiro. Então a pavimentação é vital para o escoamento dessa produção, é mais um auxílio para que o produtor possa vender seu produto a um bom preço”, explica.
O produtor de leite Geraldo Umbelino Filho, que reside no distrito, possui um caminhão e utiliza o trecho todos os dias para escoar sua produção e de outros produtores da área, totalizando 10.300 litros de leite. “A pavimentação vai melhorar 100%. Em ‘época de água’, tenho sempre que arrumar um trator para arrastar o caminhão, isso quando não é preciso dar a volta por Barbacena. Mais que triplica a distância”, relata.
O superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), João Ricardo Albanez, explica que um dos méritos do programa Caminhos de Minas é justamente diminuir os entraves para toda a cadeia do agronegócio. “O Caminhos de Minas tem um impacto extremamente positivo, que se reflete em toda a cadeia do agronegócio mineiro, na medida em que contribui para a redução dos custos de transporte e diminuição das perdas decorrentes das dificuldades do escoamento da produção. Estradas pavimentadas, em boas condições de tráfego, especialmente no período chuvoso, são fundamentais para a cadeia produtiva do agronegócio, que vai muito além da porteira da fazenda. Engloba a produção, distribuição e comercialização, onde as condições de infraestrutura são fundamentais”, comenta.
Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization, órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura), aproximadamente 1/3 de tudo que é produzido no mundo se perde no transporte.
Estudo mostra economia
Um estudo da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), que juntamente com o DER/MG coordena o programa Caminhos de Minas, mostra que o tempo utilizado no percurso por rodovias pavimentadas entre o Alto Rio Doce e Dores do Turvo, passará a ser de aproximadamente 13% do tempo atual (de 2h48min para 22 minutos), a uma velocidade média de 70 km/hora.
A diferença na distância, considerando-se percorrer apenas vias pavimentadas, será de 169 quilômetros. O valor economizado com combustível, a R$ 2,80 o litro, para um consumo médio de 10 km/l, será de R$ 47,32 por veículo. Considerando-se volume médio de mil veículos transitando por dia, a economia diária total esperada é de R$ 47.320,00 e anual, R$ 17.035.200,00.
Outros trechos
O acesso ao Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, localizado no município de Goianá, também será melhorado pelo programa Caminhos de Minas. A obra já está contratada e vai beneficiar mais de 500 mil pessoas.
Anunciado no início de agosto pelo governador Antonio Anastasia, o Caminhos de Minas está recebendo investimentos de R$ 3,2 bilhões nesta primeira etapa, que serão utilizados para a pavimentação de 1.955,6 quilômetros de rodovias, beneficiando diretamente 107 municípios e quatro milhões de mineiros. Na Zona da Mata, serão pavimentados 86,5 quilômetros, melhorando o tráfego para oito cidades e mais de 500 mil cidadãos.
Outros trechos da região que passarão por obras do programa são: Pedra Bonita – Entroncamento BR 116; Santa Margarida – Entroncamento BR 116; Santa Rita do Ibitipoca – Entroncamento MG 135; e Santa Rita de Jacutinga – Divisa MG/RJ.
Fonte e Foto: Agência Minas