Em 15/09/2012 às 20h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O incentivo ao melhoramento genético do rebanho bovino leiteiro tem sido um dos principais alvos de ações desenvolvidas nos últimos anos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em municípios da regional Muriaé, na Zona da Mata. Em pelo menos cinco deles, existem projetos que utilizam a inseminação artificial para melhorar o gado de pecuaristas familiares envolvidos na produção de leite. São exemplos os municípios de Antônio Prado de Minas, Rosário da Limeira, Eugenópolis, Barão do Monte Alto e São Francisco do Glória. Os projetos são desenvolvidos por meio de parceria que envolve a Emater-MG, produtores organizados coletivamente e prefeituras.
“A região de Muriaé tem na pecuária de leite uma atividade importante, mas um dos gargalos é a qualidade genética do gado, então começamos a estimular o uso de inseminação artificial para melhorar o rebanho. A Emater-MG ajuda a escolher o sêmen que será utilizado na fertilização das vacas. Também dá todo o suporte técnico, estimulando a melhoria sanitária dos animais, a alimentação deles, vacinação, pastejo rotacionado e outros cuidados”, explica o coordenador técnico regional de Muriaé, Ricardo Tadeu Galvão Pereira. Para Ricardo, o ideal seria que todos os municípios adotassem programas voltados a esse objetivo. “Um bom avanço na genética reflete no preço do gado e isso é excelente para o produtor, que ganha na produtividade do leite e, portanto, na renda”, justifica.
O extensionista agropecuário e zootecnista, Evandro Lelis, concorda com o colega. Lotado no escritório local da Emater-MG de Rosário da Limeira, município que há mais de quatro anos estimula o aperfeiçoamento genético do rebanho leiteiro, ele afirma que com a medida já é possível aumentar a produção de leite, mesmo com um número menor de vacas. “Antes para produzir 100 quilos de leite eram necessárias 20 vacas. Hoje, com o aprimoramento genético conseguimos a mesma produção tendo a metade de vacas”, garante. Mas Lelis ressalta a necessidade de aliar a iniciativa a outras técnicas. “Para a pecuária leiteira progredir são necessárias três ferramentas: genética, nutrição e manejo. Na Emater, pautamos nossas ações no melhoramento genético, nutrição balanceada e de menor custo, principalmente com um bom manejo sanitário e das pastagens”, afirma. Segundo Evandro, o projeto de melhoramento genético do município já atendeu a mais de 100 produtores, com mais de mil doses de sêmen doadas.
De acordo com o extensionista de Rosário da Limeira, 50% da população do município está na zona rural, constituída de pequenos proprietários enquadrados no segmento agricultura familiar. “São 500 propriedades, sendo que mais da metade abaixo de dez hectares”, diz. Segundo Lelis, a cafeicultura foi durante muito tempo a principal atividade da agricultura local, mas devido à crise de algumas empresas cafeeiras da região e do baixo preço do produto, os produtores de Rosário da Limeira partiram também para outras atividades, como a bovinocultura de leite, silvicultura e hortigranjeiro. “Mas a que merece mais destaque é a bovinocultura de leite”, salienta. Ele acrescenta que uma estratégia importante para aumentar a renda dos produtores é vender os animais excedentes de qualidade, garantindo outra renda além do leite. Para tanto, segundo o técnico, o próximo passo será montar um leilão desses animais excedentes no município. A iniciativa vai garantir mais credibilidade e visibilidade à genética do lugar, defende.
Também em Antônio Prado de Minas, o projeto Parceiros do Campo, no qual a Emater-MG tem efetiva participação, já beneficiou 86 produtores com a doação de mais de 1,2 mil doses de sêmen para melhoramento genético do rebanho do município, por meio de inseminação. Um dos beneficiados é o produtor familiar Orleu Sales Silva, que tem uma propriedade de 40 hectares, onde vive e trabalha com a esposa e um filho adotivo. “A gente tinha quantidade, mas não qualidade. Melhoramos o gado e passamos a cuidar da pastagem, correção do solo. Hoje, a gente vende o leite a R$ 0,82”, enumera para explicar porque agora consegue produzir 200 litros de leite ao dia com apenas nove vacas geneticamente melhoradas. Antes de adotar os cuidados, Sales produzia 140 litros por dia, com 40 vacas.
O técnico agropecuário do escritório local da Emater-MG, Juliano Xavier Lima,explica que o bom resultado deOrleu envolve também outros cuidados na bovinocultura leiteira. “Ele melhorou o plantel e a propriedade, reformou as pastagens, adotou o pastejo rotacionado e a Integração Lavoura-Pecuária (ILP)”, diz. Segundo Juliano, 100% dos produtores rurais de Antônio Prado de Minas são da agricultura familiar, sendo atendidos pela Emater-MG.