Eu trabalho atendendo a pacientes há alguns anos, e percebo que em muitas ocasiões as pessoas estão insatisfeitas com seus corpos e aparência física por modelos e padrões impostos pela mídia, modelos que são inalcançáveis e cruéis.
Quantas mulheres chegam até mim pedindo ajuda para pesar um peso que não condiz com sua altura e biótipo, quantos homens chegam até mim pedindo para ficar fortes, sarados, porém não têm uma vida que permite ter esse tipo de "shape". Mas as pessoas querem fazer parte do meio, serem aceitas e participar dos grupos sociais, grupos esses onde ninguém que faz parte está do jeito que gostaria de ser, porém cobram uns dos outros apresentarem corpos esculpidos, seja na academia ou na faca...
Laus (2006) já dizia em seu trabalho que a imagem corporal é construída através da forma com que o indivíduo percebe seu corpo, que é a associação feita entre o seu corpo e os parâmetros de beleza tidos como perfeitos pelo indivíduo. Em outro trabalho, realizado por Kano (2008), diz que a percepção corporal também está diretamente ligada com a percepção do indivíduo sobre como ele está inserido no meio social que convive, por exemplo, sobre como as pessoas o percebem e sobre como o indivíduo percebe isso, sobre o julgamento social, aceitação social, dessa forma a pessoa constrói a sua autoimagem e a sua autopercepção.
A mídia atual propõe que devemos ser todos magros, altos, belos e saudáveis, mas em contrapartida, toda essa pressão social está adoecendo as pessoas. Atualmente a depressão ligada as redes sociais está crescendo, podemos ver pessoas se suicidando porque não conseguem alcançar os padrões que considera ser de beleza, se esquecendo que a beleza é única e é isso que nos torna belos.
Os transtornos alimentares também estão ligados a todo esse processo, existe um ciclo vicioso, "eu não alcanço o padrão de beleza que eu gostaria, então eu vou comer para afogar as mágoas, então momentaneamente eu fico feliz, porém isso me engorda ainda mais, então eu fico triste novamente e volto a comer". Esse ciclo é o que mantém as pessoas reféns dos transtornos, seja de imagem, seja os transtornos alimentares e até mesmo os transtornos psíquicos.
Claro que, é normal vez ou outra estarmos insatisfeitos com o nosso corpo, nossa aparência, mas o saudável é que isso ocorra como por exemplo no caso de, "nossa, meu cabelo está precisando de uma hidratação; então eu estou insatisfeita com meu cabelo, mas procuro uma cabeleireira e saio feliz da vida do salão". O nível de insatisfação do meu exemplo é natural e totalmente saudável, porém, caso ocorra uma insatisfação que te leve a praticar atividades físicas por horas e horas e a comer coisas que você detesta, mas são importantes para deixar a "barriga chapada", esse tipo de insatisfação já é preocupante, pois você está se sacrificando e pode gerar problemas mais graves, como uma depressão.
Se você se encaixou nesses exemplos ou caso você viva insatisfeita com a sua imagem e corpo, procure ajuda, procure um profissional que te oriente e trace metas saudáveis para que você alcance o seu objetivo.
Um grande beijo da Nutri.
Fontes consultadas para este artigo: LAUS, M. F.; et al. Percepção da imagem corporal e estado nutricional em estudantes de nutrição, Alim. Nutri. Araraquara, vol.17, n.1, p.85-89, 2006
KANNO, P.; et al. Discrepâncias na imagem corporal e na dieta de obesos, Rev. Nutri., Campinas, vol.21, n.4, p.423-230, 2008