25/07/2018 às 09h25m


A ditadura do não


A maioria das pessoas cresce e constrói sua identidade a partir do que não pode fazer. A quantidade de "não" que escuta desde a infância é tão grande que chega a ser paralisante. Assim, o cérebro (que deveria ser palco de manifestações criativas e inovadoras) vai criando limitações para que a pessoa possa sentir-se aceita no meio em que vivemos.

Vivemos em uma sociedade extremamente crítica, que não tolera erros, e isso nos torna excessivamente autocríticos. Cerca de 95% das pessoas mantém uma "conversa negativa" consigo mesma, condicionando seu cérebro a pensar mais no que não quer do que no que deseja.

É sabido que os principais referenciais de uma pessoa são instituídos durante a infância, até os 7 anos de idade. Nessa fase, chamada de "absorção", reagimos aos estímulos externos como uma esponja, simplesmente absorvendo-os. Essa é a fase em que aprendemos mais e  perpetuamos tais conhecimentos em nossa personalidade.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que crianças, até os 8 anos de idade, recebem cerca de cem mil "nãos". Pode parecer um número absurdo, mas é real. O estudo também revelou que as crianças pesquisadas recebiam, em média, um elogio para cada nove repreensões. Além disso, os pesquisadores descobriram que, para anular os efeitos negativos de uma repreensão, são necessários, pelo menos, sete elogios.

Há uma equação a respeito da influência do "não" na vida das pessoas e vou apresentá-la a você:

 

A quantidade de "nãos" a que as pessoas foram submetidas, somada ao modo como elas os assimilaram e ao tipo de sensibilidade de cada uma, responde pela quantidade de auto-estima que elas têm hoje.

 

Atualmente, as pessoas deixaram de pensar naquilo que desejam, mas são capazes de relacionar tudo o que "não" querem para sua vida. O problema é que a palavra "não" provoca uma reação paradoxal no cérebro, pois não possui representação lingüística. Ao ler ou escutar a palavra "quadrado", por exemplo, você forma imediatamente uma imagem mental da figura geométrica em questão. E se eu lhe disser "Não pense em um quadrado", seu cérebro desprezará o "não" e continuará pensando em um quadrado, registrando só o que veio depois do "não", ou seja: "pense em um quadrado."! Por isso é tão importante fazer afirmações positivas.

Outro dia, em um de meus cursos, um pai de família me disse que está cansado de pedir ao seu filho que não brigue com a irmã, mas ele continua brigando. Expliquei a esse pai que o filho, ao escutar "não brigue com sua irmã", despreza o "não" e assume só o que vem depois: "brigue com sua irmã". Sugeri-lhe que passasse a pedir ao filho para ser gentil com a irmã, pois assim ele visualizaria a correta e seu cérebro, pouco a pouco, o ajudaria a transformar essa imagem em realidade.

Esse é o paradoxo do não: as pessoas sempre pensam naquilo que são solicitadas a não pensar.

Nosso cérebro está programado para atender às nossas vontades, mas se pensamos apenas no que não queremos, dificilmente alcançaremos o sucesso. Para ver o mundo de uma outra forma é preciso pensar positivamente e estabelecer relações com pessoas prósperas e de bem com a vida. Além disso, é fundamental estipular metas positivas. As metas nos estimulam a seguir adiante, mas como ninguém gosta de ir em direção a coisas negativas, se as metas não forem positivas não teremos motivo para tentar alcançá-las. É preciso identificar o que nos faz bem e felizes, pois ninguém pode obter satisfação daquilo que você não quer.



Autor: Dr. Lair Ribeiro

Tags relacionadas: ditadura,identidade,pessoas,conhecimentos


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13/07/2018 às 16h02m


Mudar para permanecer — Você está preparado?

 

Muitas pessoas sonham com uma verdadeira transformação em suas vidas, mas querem que seja assim: vapt-vupt e pronto, se tornam outras pessoas, mais confiantes, bem-sucedidas, prósperas e felizes!

Na vida real isso não acontece. Por mais que sejam positivas e necessárias, mudanças costumam ser tão desgastantes que, mesmo querendo mudar, algumas pessoas relutam e tentam seguir sua vida do "jeitinho" de sempre.

A respeito das mudanças, os mais conservadores ou medrosos diriam: "É o mais sensato!" ou "Melhor não trocar o certo pelo duvidoso." Sim, o processo causa medo em muita gente. Trata-se de um medo físico, pois exige uma adaptação do nosso sistema nervoso sair da "zona de conforto", buscando novos caminhos para conectar as áreas emocional e racional do cérebro.

As coisas, nem sempre acontecem como planejamos. Chega um momento em que é fundamental sair da inércia e implementar mudanças, que não necessariamente precisam ser gigantescas nem imediatas, mas podem ser muito singelas. Porém, quando surge a insatisfação, as pessoas, em vez de cogitar da possibilidade de mudança,  tendem a ocupar a posição de vítimas e culpam a tudo e a todos pelos seus sentimentos. Em vez de eleger culpados, reflita sobre as suas atitudes e escolhas perante a vida e avalie se suas decisões têm ido ao encontro de seus valores e propósito de vida. Mudar alguns padrões de comportamento, como a falta de amor-próprio, o sentimento de culpa e a baixa auto-estima, pode resultar em uma grande diferença, incitando, até mesmo, o despertar de um novo ser.

Em geral, as pessoas têm uma reação muito previsível quando se deparam com a necessidade de mudança e costumam agir dentro de um ciclo conhecido como "Ciclo do pesar", que inclui: choque, negação, raiva, negociação, tristeza, aceitação e desempenho. Vejamos como ele se desenvolve:

-        A primeira reação frente à necessidade de mudança é a de um verdadeiro "choque". A pessoa fica anestesiada, sem conseguir aceitar que terá de mudar seus padrões, tão perfeitamente enraizados em seu modo de vida.

-        Após o "choque" inicial, vem a fase de "negação", quando a pessoa tenta se convencer de que não precisa sucumbir à mudança e pode seguir sua vida exatamente como ela tem feito até o momento.

-        Ao conscientizar-se de que a mudança é realmente necessária, a pessoa passa por um estágio de "raiva", pois ainda não conseguiu assimilar todos os aspectos da mudança nem aceita ter de abrir mão de seus padrões atuais.

-        Em seguida, ela entra na fase de "negociação" e tenta barganhar a possibilidade de manter algumas coisas e aceitar outros aspectos da mudança.

-        Ao se dar conta de que a mudança é inevitável e que precisará abandonar os padrões que estão bloqueando a sua produtividade, vem um sentimento de "tristeza".

-        Por fim, superada a tristeza, chega a vez de contemplar um estado de plenitude e produtividade. É a fase de "aceitação e desempenho", em que, finalmente, a mudança é implementada e a pessoa se dá conta de como ter optado pela mudança poderá beneficiá-la... até a próxima mudança!

É incrível pensar que passamos por todos esses estágios mesmo quando a mudança representa algo positivo e desejado. Tenha em mente que você tem a liberdade e o direito de fazer as escolhas que podem tornar sua vida melhor e mais feliz, assim como tem o poder de abrir mão daquilo que lhe traz dor, tristeza e infelicidade. Ou seja, mudar está ao seu alcance, sempre. Boa sorte!

 


Autor: Dr. Lair Ribeiro

Tags relacionadas: mudar,permanecer,vida,pessoas


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